Cristina PDV:
Acordei cedo por causa do sol que batia na janela da sala, iluminando tudo no lugar.
Espreguicei-me e fui comer alguma coisa. Fui em direção à cozinha, parando em uma porta pintada de branco em baixo da escada. Parecia a única coisa antiga naquela casa, pois tinha pequenos riscos, deixando a mostra à madeira marrom. Em um impulso peguei a maçaneta e a girei. Ela abriu lentamente, fazendo um barulho que me assustou na hora.
Abaixei a cabeça para poder entrar – a porta era minúscula mesmo – e acendi a pequena lâmpada. Aquele quarto era cheio de vídeos.Peguei um deles e li o que estava escrito.
Será que eram filmes? Seria bom se fosse, por que ai não precisaria ir até a locadora alugar um para hoje à noite.
Peguei vários, mas quando virei para chegar a porta, vi um que me chamou atenção mais que os outros. Sua capa era vermelha com uma frase esquisita.
“Os próximos serão vocês”
Não vou mentir que essa frase me colocou um pouco de medo, e ao mesmo tempo uma curiosidade enorme. O peguei da prateleira e coloquei em meu colo como todos os outros.
Nenhum tinha capa, isso foi o mais estranho. Todos tinham uma cor forte, que chamava atenção. E frases que davam um nó na garganta. Eu sei que não dormiria depois de assistir esses filmes, mas e daí? Estava super curiosa, e aposto que os outros também iriam ficar quando lessem o titulo.
Sai do quartinho de vídeos, e fui até a mesa de estar, colocando todos lá em cima, para poder comer alguma coisa. Minha barriga estava roncando desesperada.
Enquanto fazia o pão e o leite fiquei pensando na noite anterior. Para qualquer um podia ser apenas um entrelaçar de mãos, mas para mim era a coisa mais romântica, linda, que podia acontecer.
Eu já namorei uma vez escondida de meus pais, por que era muito nova. Lembro que Fernando me ajudou muito para que desse certo, foi nesses meses que percebi como gostava dele.
Depois de tomar café fui tomar um banho e começar a me enfeitar para estar linda para o Fernando. Peguei os esmaltes que tinha em minha bolsinha e comecei a escolher a cor. Estava entre o bege e o branco. Não gostava de usar cores muito fortes quando pintava as unhas. Gostava de tons pasteis, leves, delicados. Muito diferente de Vera, que amava cores fortes, vibrantes, provocantes e muito ousadas para uma garota de 17 anos. Ela sempre estava ou com um rosa de doer os olhos, ou com um vermelho, que sinceramente cada vez que olhava via a frase “Me coma” escrita. Eu falava isso para ela, mas você acha que escutava? É claro que não.
Às vezes tinha um pouco de inveja dela, por que sempre teve tudo, uma família que a amava, namorados apaixonados, alegria de sobra, coragem, inteligência, beleza e carinho entre as outras pessoas. Enquanto eu tenho uma família que nem liga para mim, tristeza para dar e render por causa de minha solidão, covardia com tudo – meu sonho é me declarar para o Fernando, isso que é sonho impossível – estupidez, dor, ira. Queria conseguir ser amorosa com os outros, às vezes nem com meus amigos eu sou legal. Acho que é por que eu fui criada assim, no meio de futilidades – que não compreendia – de sofrimento – meus pais me tratavam com indiferença. Nunca soube por que me tratam dessa forma. E todas vezes que estou sentada na mesa de jantar e eles começam a elogiar minha irmã, vou direto para meu quarto chorar.
Eles me deixam pensar que sou ruim, errada para essa família. Sou assim por causa deles, fui criada assim.
Só queria um pouco de atenção da parte deles. Queria que um dia eles chegassem de viagem e falassem que sentiram falta de mim.
Quando percebi lágrimas caiam de meus olhos sem eu conseguir evitá-las.
Fui para meu quarto correndo. Encolhi-me em um canto do quarto querendo que por Deus ninguém entrasse para atrapalhar minha dor.
Tinha vezes que era tão forte esse sentimento de solidão que começava a quebrar qualquer coisa que via em minha frente. Isso provava mais a eles que eu era uma garota má. Mas hoje a dor estava mais forte do que qualquer dia. Eu não conseguia nem me levantar. Só chorava, sem tentar impedir as lágrimas.
Meu celular tocou. Fui me arrastando até a mesinha de cabeceira.
Era Vera.
Respirei fundo, e atendi.
-Alô? – minha voz saiu péssima. Droga!
-Tina?Esta bem? Sua voz esta tão rouca. Você esta chorando? – perguntava tudo ao mesmo tempo.
-Não é nada. Por que ligou?
-Queria saber a que horas exatamente devemos estar na sua casa.
-Umas 19:00.
-Tudo bem. Tem certeza que não quer conversar?
-Quero ficar sozinha um pouco. À noite vou estar melhor.
-Não quer que eu vá ai?
-Não! Eu já disse que esta tudo bem. Tchau.
-Tchau.
Desliguei o celular e voltei para meu cantinho de tristeza.
Alguém bateu na porta de meu quarto.
Ninguém me deixava em paz não?
-Que foi? – falei o mais mal humorada que consegui.
-Já estamos indo viajar. Toma conta de sua irmã direito. Ela vai dormir hoje na casa da amiga e só vai voltar quinta. Tente não fazer nenhuma besteira até nós chegarmos.
Não respondi. Minha mãe falava com tanto sarcasmos e maldade. Isso me fez chorar mais.
Todas as férias eram assim. Minha irmã saia com as amigas e meus pais viajavam, enquanto eu ficava em casa com as única pessoas que me amam – meus amigos – Ainda bem que estavam acabando as férias, por mais que não gostasse da companhia de minha família, não deixava de querê-los perto de mim.
Fiquei sentada no chão até que meu celular tocou novamente.
O atendi com minha melhor voz, e dessa vez deu certo.
-Alô?
-Oi Cris. A Vera me ligou falando que estava mal. Aconteceu alguma coisa?
-Besteira.
-Você quer que eu vá para ai?
-Não precisa Fernando.
-Vou chegar mais cedo que os outros. Não acredito muito no seu “Besteira”.
-Ta bom.Tchau.
-Tchau.
Por que ninguém me deixava em paz? Era demais pedir um pouco de solidão? Eu sempre estava com ela, e quando a desejo para poder sofrer sozinha, todo mundo quer me deixar longe dela.
Deitei na cama e assim adormeci.
Gostaria de agradecer a NCullen por deixar eu postar a sua fic no meu blog.
Tenho todo o concentimento da autora para postagem.
Legal, Biby, ta ai o seu cap ok? Espero que esteja feliz!
Beijos!!!
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